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domingo, 4 de junho de 2017

Cheetah: o rival peso-pena para o Shelby Cobra dificilmente se ver por ai

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Um carro pequeno e leve; um motor V8 grande, potente e barulhento na dianteira e tração traseira foi a receita que Carroll Shelby elaborou para sua obra prima, o Shelby Cobra. O roadster anglo-americano (projetado no Reino Unido e melhorado nos EUA) tornou-se referência para muita gente na década de 1960 e, entre esta gente, estava o engenheiro Bill Thomas.
Ao lado do colega Don Edmunds, Thomas decidiu, em 1963, que criaria um rival para o Cobra, que ainda era novidade. Mas, em vez de pegar uma carroceria que já existia, como Shelby fez, ele começaria o carro do zero. Nascia, então, o Bill Thomas Cheetah.
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Se a ideia era enfrentar um carro feito pela Ford, parecia lógico pedir ajuda à Chevrolet. Depois de algumas reuniões com rival engravatada Thomas conseguiu convencer Vince Piggins, chefe da divisão de componentes de alto desempenho da General Motors, a apoiá-lo no projeto. Thomas tinha as credenciais: já fazia sete anos que ele preparava os carros da Chevrolet para as pistas  – seus Corvair com componentes de Corvette faziam sucesso entre os pilotos independentes americanos.
Piggins não conseguiu permissão para financiar o projeto, mas deu um jeito de enviar um motor V8 de 327 pol³ (5,35 litros) usado no Corvette, uma transmissão manual de quatro marchas da Muncie, e um conjunto de suspensão traseira independente, que foram enviados para a sede da Bill Thomas Race Cars, em Anaheim, Califórnia. Já era um começo.
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Com os componentes em mãos, Edmunds os alinhou no chão da oficina da forma como imaginou que eles ficariam no carro. Pegou, então, um pedaço de giz e desenhou o rascunho de uma estrutura tubular em volta do conjunto mecânico. O layout básico do carro nasceu ali.
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O Cheetah era um cupê com proporções exageradas, quase cartunescas: o capô era longo; as rodas enormes em relação à carroceria e ficavam bem nas extremidades do chassi; a cabine era pequena e muito recuada; e o motor ficava à frente do piloto, quase exatamente no centro do carro – central-dianteiro mesmo. O Cheetah parece ter nascido para se transformar em uma miniatura da Hot Wheels.
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Para deixar o motor tão recuado, Edmunds se viu obrigado a abandonar o cardã. A transmissão era conectada diretamente ao diferencial traseiro de Corvette através de uma junta universal.
Acontece que as formas da carroceria ficaram atraentes, com curvas ousadas, faróis pequenos e uma traseira arrebitada que emoldura as rodas com um efeito visual bastante agradável. Os dois primeiros exemplares foram feitos com carroceria de alumínio, e os nove seguintes passaram a empregar fibra de vidro.
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A leveza, contudo, não dependia somente do material da carroceria: a grande sacada era usar um chassi tubular de cromo-molibdênio (o mesmo material usado na estrutura dos karts profissionais, leve e muito resistente), e até mesmo a ausência do cardã aliviava a massa do carro. O Bill Thomas Cheetah pesava apenas 780 kg perfeitamente equilibrados entre os dois eixos. E, se considerarmos a potência de pelo menos 350 cv de um V8 small block 350, motor “standard” do Cheetah, estamos falando de uma cavalaria capaz de fazer a traseira dançar em linha reta. Os freios a tambor, por mais que fossem os mesmos usados pelos carros que a Chevrolet colocava para correr nos ovais da Nascar, também não ajudavam.
O carro prata que aparece nestas fotos, um dos 19 originalmente fabricados pela Bill Thomas Race Cars (e um dos 15 existentes hoje), é ainda mais potente: seu V8 427 é o mesmo do lendário Corvette L88, com cabeçotes de alumínio e feito para competições, capaz de entregar nada menos que 570 cv.
Este Cheetah foi encomendado em 1964 pelo dono de uma concessionária Cadillac na Califórnia e, depois disso, teve outros sete donos até hoje. Os dois primeiros participaram de corridas com o carro, em circuitos como Laguna Seca e Willow Springs, mas o terceiro, em 1969, decidiu que usaria o carro nas ruas.
Originalmente, seu motor era um V8 327 com injeção mecânica de combustível e 380 cv mas, em uma restauração realizada por uma companhia do Arizona chamada BTM, que constrói réplicas do Cheetah com base nos blueprints originais, instalou o motor L88 fabricado em 1967. Dito isto, o carro tem todos os painéis de fibra de vidro da carroceria ainda originais, bem como o painel de instrumentos, os bancos, o volante e os demais acabamentos do apertado interior.
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Que tal lhe parece a ideia de socar o painel de instrumentos sempre que engata a 3ª e a marcha?
O projeto do Chettah foi cancelado em 1964. Bill esperava transformar o Cheetah em um esportivo produzido em série limitada pela Chevrolet (mais ou menos como a Shelby fazia com o Cobra) mas, para isto, precisava de mais infraestrutura, com um espaço maior e mais recursos técnicos. A General Motors achou que não valia à pena e, por isso,  tão poucos Cheetah foram fabricados.
Este carro, exatamente este, em sua aparição no Goodwood Festival of Speed 2016
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É uma pena, pois os testes com o primeiro protótipo, realizados na pista de testes da Chevrolet, surpreenderam até mesmo a Zora Arkus-Duntov, o engenheiro responsável por transformar o Corvette em um esportivo de verdade. Mas talvez simplesmente não fosse a hora do Cheetah.


on junho 04, 2017
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